segunda-feira, 22 de março de 2010

A história de uma conquista

Amigos leitores do blog da AFM Caxias, o que vou-lhes contar nada mais é, para aqueles que observaram o meu blog particular, no dia de ontem, a respeito da conquista da nossa AFM Caxias, representada por este editor, do Torneio do 238° Aniversário de Porto Alegre, modalidade de lisos, ocorrida neste último sábado. Os fatos relatados são a minha visão sobre esta importante experiência e que gostaria de dividir com vocês.
O futebol de mesa é feito de histórias. Uma associação de futmesa é feita de fatos e conquistas. Muitas vezes nas mesas, muitas vezes no campo das amizades. O que importa é que tenhamos registrados tais acontecimentos. Vejam só que bom seria se, daqui a alguns anos, pudéssemos ver este blog e buscar as notícias ocorridas no último fim de semana. Aquí vai minha contribuição:


"Amigos, gostaria de dividir com vocês a alegria que tive no último sábado, dia 20 de março de 2010,  quando obtive sucesso em uma importante competição de futebol de mesa. O torneio de Aniversário de Porto Alegre não vale pontos em ranking interno ou externo, mas tem o charme das competições estaduais. Se formos analisar, tanto nos cavados como nos lisos, temos uma boa parte da “nata” deste esporte. Se falarmos nos lisos, é claro que sentimos a falta de Piruka, Maciel, Pizzamiglio, Cezar, e mais alguns outros, importantes atletas desta modalidade. Mas não menos importante ficou a competição, pois nomes como Marcelo Vinhas, Mario Saul Jr, Roberto Moraes, Luciano Carraro, Paulo Schemes, Breno Kreuzner, Rodrigo Borba e outros tantos, fizeram-se presentes e abrilhantaram o evento. Nos cavados, Victor Mecking, Ricardo Gothe, Diogo Mallet, Bruno Schemes, Cristian Costa, entre outros tantos, fizeram na mesa o que mais sabem apresentar, “espetáculo”.

Assim sendo, vamos a minha história nesta competição:
Tive o prazer de dividir a mesa com ícones desta modalidade (lisos). Minha primeira “pedreira” foi o saudoso Breno Kreuzner, da Franzen. Num jogo onde abri o placar, com gol de cavador, logo no início da partida, o equilíbrio, no primeiro tempo de jogo, foi algo predominante. Breno, após tomar o gol, atirou-se para o ataque e não tardou a empatar o jogo. Mas, como o dia estava iluminado e sem um pouco de sorte ninguém chega ao ponto alto do pódio, num lance, digamos, infeliz, Breno erra uma jogada, faltando menos de 15 segundos para terminar o primeiro tempo, deixando-me, o que antes não tinha chance alguma de arremate ao gol, uma oportunidade rara, num último chute da etapa. Caprichei no arremate e terminei o primeiro tempo em vantagem (2x1). Veio o segundo tempo e mais pressão por parte do Breno. Num ato de audácia, Breno tenta lançar/cortar uma bola e o “retruque” premia o ataque/cavador do Manchester United. Vale lembrar que ambos os técnicos estavam jogando com o Manchester United. O meu era o vermelho e o do Breno o preto. Corrigindo então, a bola sobra para o Manchester United vermelho. Mais uma vez, com a mão afiada, arrematei com precisão e pus números finais ao jogo, largando na liderança de minha chave.
No segundo jogo, um confronto caseiro estava diante do Manchester United. Digo caseiro, porque Rodrigo Borba é jogador do Porto Alegre, mas freqüenta assiduamente a AFM, sendo que este é sócio de nossa associação. Neste jogo, uma jogada “pitoresca” marcou a partida. Num lançamento onde meu zagueiro parou dentro do gol de Rodrigo e a bolinha ficou dentro da grande área, numa desatenção de Rodrigo, o mesmo pega a bolinha com a mão (a mesma ainda estava em jogo) e assim, aviso-o sobre a irregularidade, também confirmada pelo colega Azambuja. Resultado: pênalti para o Manchester United. Mais uma vez estava eu largando na frente de uma partida. Não tardou e Rodrigo empatou a partida, numa tentativa de corte, onde a bola não passa do meio de campo e apresenta-se para o atacante de Rodrigo, que não perde a oportunidade. O restante do jogo foi parelho, emoções mais fortes estavam reservadas para o futuro da competição.
No terceiro confronto, diante de mim estava o colega Nei Barbieri, do Circulo Militar. O Nei vinha de duas derrotas. Não tinha mais chance de classificação, mas isto não tornou o jogo morno. Nei teve várias chances e por minha sorte não conseguiu convertê-las em gol. Foi o adversário que mais criou situações de gol. Realmente, até abrir o placar, tive sérios problemas em conter as investidas do Nei. De quebra, numa das poucas chances que tive no jogo, fiz um belo gol com o ponteiro do Manchester United, arrematando no gol e a bola vindo a bater nos dois postes e entrando por cima do goleiro. No segundo tempo, numa administração de resultado, visto que o empate me servia, acabei fazendo o segundo gol e pondo números finais ao confronto.
O saldo na primeira fase foi positivo, visto que além de mim, Mario Jr e Luciano Carraro fizeram as melhores campanhas. Isto queria dizer que, fora os dois citados, o Manchester jogaria o confronto com a vantagem do empate. Mas como alegria de pobre dura pouco, veio o sorteio e quem cruzou meu caminho... Luciano Carraro, um de meus “mestres” e um excelente jogador. Nunca tinha ganhado uma partida oficial deste meu chegado. O cara é top em matéria de arremate a gol e vinha de uma goleada aplicada em Yago (5x1). Minha esperança era bem pequena, mas como “Davi derrubou Golias”, este nego veio aqui derrubou seu mestre, Carraro. A vitória foi construída no primeiro tempo. Dois chutes, dois gols. A precisão do Manchester, na tarde de ontem, estava algo especial. No segundo tempo, Carraro, como um leão enfurecido veio para cima do Manchester e mereceu o gol que selou a partida. Apesar da vitória, reconheço que Carraro mereceu ao menos o empate, visto que me defendi quase todo o segundo tempo. Felizmente, o setor defensivo de minha equipe estava perfeito. Quase imbatível, para minha alegria.
Já era noite e estava eu entre os quatro finalistas da competição. Com medalha garantida, em uma competição externa, fato totalmente novo para mim. No sorteio dos confrontos, tendo como finalistas: Vinhas, Moreira, eu e o Rodrigo Borba, todos em desvantagem, levando em conta minha campanha no primeiro turno, acabei esbarrando, novamente, no Rodrigo Borba. Desta vez, com um jogo mais eficiente e tranqüilo, devido à vantagem do empate, me mantive no estilo “Felipão”, fechadinho e saindo nos contra-ataques. Deu resultado. Num erro do adversário, onde uma falta fora cometida, lancei a bola próximo da grande área e converti o arremate a gol. Com este resultado carimbei o passaporte para a decisão. De quebra Moreira segurou Vinhas, num empate sem gols e, como jogava com tal vantagem, também se credenciou para a disputa da final.
A grande Final
Entrei neste jogo com a vantagem do empate. Sabia da experiência, capacidade de jogo e eficiência do adversário. A meu favor, além da vantagem adquirida com o retrospecto da primeira fase, tinha o meu bom sistema defensivo que quase me deixou na mão, como veremos daqui para frente.
A partida começou e tentei manter o Milan de Moreira em seu campo. O cara realizava jogadas com uma pequena ficha e a precisão era algo impressionante. Tentei colocar algumas bolas em regiões despovoadas de seu campo de jogo. Ele sempre cortava, cavava, enfim, sempre jogava a bola para meu campo. Com estas jogadas minha defesa foi ficando vazia. Vazia a ponto de meu goleiro ficar órfão de seus companheiros de zaga. Num desses lances, Moreira cavou em cima do último zagueiro e o retirou de campo, ficando eu sem nenhum jogador defensivo, que poderia salvar-me do lançamento de lateral. Ele pegou a bola para bater o lateral e eu pensei “a coisa vai ficar preta, é possível que saia um gol”. Mais uma vez o Velhinho lá do céu me ajudou, pois não é que o Moreira colocou a bola no meio da minha área, sem chance alguma para algum tapinha ou recuo, mas na seqüência da trajetória de seu cobrador ele bate no meu lateral o tirando de campo e assim, me cedendo uma falta técnica. Foi então que peguei um zagueiro, observei o campo do adversário e não tive dúvida, lancei a bola no vazio entre o meu ponteiro e o último zagueiro do Moreira. Uma bola bem atravessada, de difícil reposição. O Moreira tentou dar um tapinha na bola e acabou me cedendo o primeiro dois toques.
Olhei a jogada, escutava nos arredores a voz do Carraro dizendo “calma Cristiano”. Mantive a calma, lancei, digamos 60% bem. Mas a bola ficou boa para o lateral esquerdo, que estava ao longe. Pedi a gol e fui mirar a jogada. O resultado do arremate foi uma bola que explodiu no peito do goleiro do Moreira e quase voltou para meu campo. Felizmente, entre jogadas de ataque contra defesa, de ambos os lados, o jogo chegou ao intervalo. Metade da taça estava garantida. Mas não bastava somente isto, existiam outros 25 minutos a serem disputados.
E segundo tempo começou e Moreira veio para o tudo ou nada. Investidas pelas pontas e na direção do centro avante do Milan, fez minha defesa trabalhar. Nos contra ataques eu levava algum risco. Procurava as pontas, o lançamento no vazio do campo adversário, nas regiões de difícil reposição. Em um lance pela esquerda, quase meu sonho teve fim. Num bonito chute cruzado, onde o ponteiro estava próximo da bola, a bola bate no goleiro e vai para a linha lateral, para minha sorte. Em outro lance, foi a minha vez de perder o provável gol. Outro bom lançamento levou Moreira a ceder o segundo dois toques. Desta vez meu lançamento foi péssimo, fruto de um nervosismo (devido à falta de experiência e ao tempo de jogo, naquele momento, por volta dos 21min do segundo tempo). Não teve como chutar, mas acabou matando um pouco de tempo, o que acabou sendo meu aliado.
No fim do jogo, Moreira lança uma bola que fica atravessada entre meu único defensor e a linha lateral, restava para mim uma última ficha, um único lance que provavelmente decidiria a partida. Tinha que cortar a bola de maneira que a mesma ficasse no campo adversário e depois do último zagueiro do Moreira, que estava adiantado em relação à posição de origem. Se a bola saísse, ele bateria o lateral em direção ao lado esquerdo do meu campo e, como já havia tirado o último zagueiro desta região, não teria como livrar seu último chute, que poderia tornar-se o lance do torneio e o possível gol de Moreira. Quis a precisão, talvez a sorte, ou melhor, a dedicação, que o lançamento fosse perfeito. A bola cruzou o campo, bateu no jogador do Manchester que estava mais adiantado e, como numa matada no peito (a exemplo do futebol) ela parou na frente deste botão. Para sorte de Moreira o botão era cavador. Não me era conveniente o arremate a gol, visto o pouco ângulo para este e a possibilidade de rebote cedido. Moreira jogou e não conseguiu cobrir a jogada. Assim, tinha um lateral direito ao longe e acabei pedindo a gol. Confesso que naquela jogada procurei mais me livrar da bola do que a tentativa de arremate a gol, visto que tinha o receio dela pegar no goleiro ou na trave e voltar. Assim sendo chutei e ela foi para fora. Nisto já tínhamos quase 24min do segundo tempo. Até arrumarmos os botões a bola sair e eu a rebater, lance que gerou um lateral para o Moreira, foi-se o tempo, o jogo e a esperança de Moreira em reverter minha vantagem e levar o título.
Após isto, me lembro do Moreira me cumprimentando, vieram me abraçar vários colegas que estavam à volta da mesa, a exemplo do Carraro, Mario Jr, Alexandre Prezzi, Breno, Paulo Schemes, Rodrigo Borba, Victor Mecking, Vinhas, dentre tantos outros. Foi uma sensação diferente, um momento impar. Algo que jamais esquecerei e que ficará gravado em minha história nas mesas.
Agradeço a todos que torceram por mim, aos que me apoiaram com palavras de incentivo e que me ensinaram, a exemplos dos amigos da gaúcha e da AFM Caxias, há jogar o pouco que consegui assimilar. A estes e demais amigos e colegas fica minha promessa de seguir tentando. Tentando treinar mais, tentando manter a honestidade, parceria, coleguismo, que são qualidades que vitória nenhuma vale a suas perdas. Tentando divulgar este nosso esporte".

Abraço a todos os leitores, até mais.

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