terça-feira, 2 de março de 2010

O mais nobre dos esportes

O homem mais rico do mundo queria saber qual era o mais nobre dos esportes e, para isso, chamou três sábios: um da China, porque a China é o berço da sabedoria; outro da França, porque a França é o berço da ciência; e outro dos Estados Unidos, que não são o berço de coisa nenhuma mas ganham muitas medalhas nas Olimpíadas. Logo que os três sábios chegaram à casa do magno magnata, este lhes perguntou: “Senhores, qual o mais nobre dos esportes? Aquele que me convencer receberá um pote de ouro.”
Então o chinês disse: “Honorável senhor, em todos os esportes há nobreza, mas em nenhum outro há mais do que no xadrez. Ele é um jogo de estratégias e inteligências, onde mais conta o cérebro do que qualquer outra coisa. O xadrez é o esporte do intelecto.” Depois, satisfeito com suas próprias palavras, sentou e tomou seu chá.
Então o francês falou: “Monsieur, nenhum esporte se compara à esgrima. Na esgrima treinamos pontaria e rapidez, defesa e ataque, reflexos e precisão. É um esporte onde todo o corpo é chamado a agir, e por isso é o esporte da habilidade física.” Depois, satisfeito com suas palavras, sentou e tomou seu vinho.
Então o norte-americano rosnou: “Mister, o xadrez e a esgrima são okeis, mas o mais nobre mesmo é o pôquer, que exige dissimulação e farsa, psicologia e trama. Ele não é jogado apenas com o corpo e o cérebro, mas também com a alma. É o esporte do controle emocional.” Depois, satisfeito, sentou e tomou sua Diet Coke.
O homem mais rico do mundo disse que precisava de algum tempo para pensar sobre aqueles profundos arrazoamentos, e, como pensar dá fome, pediu uma pizza pelo telefone.
Quando o entregador chegou com a pizza, o homem mais rico do mundo, só por brincadeira, resolveu lhe perguntar qual era o esporte mais nobre: o xadrez, a esgrima ou o pôquer. O entregador não se fez de rogado e disse: “Esses três esportes são importantes, mas o mais nobre de todos é o futebol de botão.”
Os três sábios caíram na gargalhada, mas o entregador permaneceu imperturbável.
“Vejam, o futebol de botão é uma síntese do conhecimento humano. Ele necessita de movimentos estratégicos como o xadrez; pede pontaria, reflexos e precisão como a esgrima — e requer autodomínio como o pôquer. O futebol de botão, senhores, é o único esporte onde são necessários intelecto, habilidade física e controle emocional. Tudo ao mesmo tempo e em igual proporção.”
Todos ficaram boquiabertos com tais idéias e as aplaudiram com entusiasmo.
O entregador então fez uma partida de botão com cada um dos presentes para celebrar a mais nobre das artes. Ele venceu o chinês por 8 a 0, goleou o francês por 9 a 0 e deu de 10 a 0 no norte-americano. Estranhamente, porém, perdeu de 1 a 0 para o anfitrião; e com um gol contra.
O homem mais rico do mundo ficou tão feliz com a inesperada vitória que não deu apenas um pote de ouro ao entregador de pizza, mas também a mão de sua linda filha e única herdeira.
E a moral dessa fábula esportiva, se é que há alguma, é que é bom ser sábio, mas melhor ainda ser sabido.
*Do livro "Os cabeças-de-bagre também merecem o paraíso".

Os meus agradecimentos ao texto cedido pelo nosso companheiro Ednei Torresini. Este texto o foi enviado pelo amigo Adauto Celso Sambaquy, a quem também dirigimos o nosso muito obrigado.
Abraço aos amigos e até mais.

Editoria do Blog da AFM Caxias do Sul
Cristiano Gularte

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